Teologia do Deus imperfeito: de Ed René, Ricardo Gondim e Elienai Cabral Jr.

DEUS DE TÃO PERFEITO conheceu a plenitude do tédio. De tão cercado pelo idêntico a si mesmo, incapaz de dizer por que hoje não é apenas um reflexo de ontem, sem jamais ter sonhado com um outro dia, enfadado com a previsibilidade de um mundo impecável, inventou o amor. Ou seria, preferiu amar?[..] Deus, que do absoluto fugiu em desespero, que inventara o imperfeito, imperfeito se fez. Inventou-se entre os incertos. Aperfeiçoou a imperfeição. Humanizou-se entre humanos. De tão impreciso, despido das forças do absoluto, igualmente inapreensível, excepcionalmente frágil, tão vivo e tão morto, descortinou o absoluto como quem desnuda o que é mau. Imperfeito, salvou-nos da perfeição. (Elienai Cabral Jr.)

   Existe neste país uma nova tendência teológica. Nada de novo, confesso, apenas mais do mesmo, importado e requentado no microondas da filosofia pós-modernista. Existencialistas de verve trágica, mais amigos de Sartre e Nietzsche do que Jesus de Nazaré, os novos teólogos brasileiros falam de teologia de modo muito apaixonado, mas parecem definitavemte ter saído dos trilhos. Afim de contextualizar com a geração emergente, estes pensadores repaginaram a fé, dando a ela um toque de relativismo e mística medieval, criando assim uma “outra espiritualidade”, bem nos moldes daquela que Paulo condenou em Gálatas 1.8.
   Bastante sutis, os arautos deste novo cristianismo conseguem cativar as mentes daqueles que estão enfadados com a igreja, e entre eles fazem escola. Na vanguarda da denúncia, os profetas da burguesia vão destilando toda sorte de impropérios contra os pregadores de prosperidade, carros e mansoes, e assim ganhando a simpatia daqueles que noutro tempo padeceram debaixo das garras malignas dos marajás do evangelho. Enquanto isso, tais como serpentes traiçoeiras, vão minando a base do cristianismo histórico, e roubando a glória e majestade que a Deus pertencem. No lugar do Onipotente, apresentam um deus fraquinho, raquítico. Um Deus imperfeito, ao invés daquele cuja essência é a perfeiçao. Definitivamente, uma outra espiritualidade.
   No texto de Elienai Cabral, vemos o retrato de um Deus impotente, medíocre e pequeno. Em tese, o autor apresenta uma divindade oca, desprovida de glória e poder, constantemente desafiado por suas descapacidades e imperfeiçoes.
   Negando a soberania de Deus sobre os assuntos humanos, a presciência dos fatos e a onipotência divina, a teologia dos “novos evangélicos” Ricardo Gondim, Ed René Kvitz e Elienai Cabral, simplesmente tiram Deus do cenário e introduz um ‘deus’ trapalhão e afeminado em seu lugar.
   Não nego que os ensaios espiritualistas como este de Elienai podem parecer poeticamente atrativos, mas as heresias que recheiam suas linhas são extremamente nocivas, e precisam ser combatidas. Como calar-me diante de tamanha afronta? Não é a mim que eles diminuem e desprezam com seus conceitos relacionais, mas ao Soberano Senhor cuja glória enche a Terra. É o Deus vivo que está sendo reduzido, relativizado e transformado em um fracote que carece de tomar Biotônico Fontoura. Pobre deus; mal pode consigo mesmo!
   Acerca dessa falsa teologia, Tomas C. Oden, em uma edição da revista americana Chistianity Today, declara:

“Conceber tal fantasia (um Deus finito e mutável) é incorrer em uma espécie de engano teológico cuja sutileza é maior do que se pode imaginar no que tange às explicações e conseqüências que tal conceito impõe à fé cristã”

   Ora, meu amigo, o Deus da bíblia em nada se compara a essa pseudo-divindade humanista, e com o perdão da palavra, um deuzinho chulé, feito sob medida para filósofo ateu. O Deus bíblico é despótico, soberano, onipotente, onisciente, cheio de glória. Ele também é criador, sustentador, provedor e governador deste universo, e nenhuma coisa escapa ao seu absoluto controle; nem mesmo aquelas que as vezes não entendemos. Ele não se abriu a nenhum futuro desconhecido: Ele sabe o fim desde o começo e executa a sua vontade!

Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade. - Isaías 46.9-10

   Louvado seja Cristo, o kyrios despotes – Soberano Senhor – aquele cujos projetos não falham, que vela pela sua palavra para que se cumpra. Este sim, é digno de toda honra e louvor. Um Deus em quem a gente pode confiar.

                                                                             Por Leonardo Gonçalves

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