Conjunto "VOZ DA VERDADE" - A Trindade sob Ataque

   A Igreja Voz da Verdade foi fundada em 05 de janeiro de 1984 em Santo André, SP. Tornou-se conhecida através do seu conjunto musical, de mesmo nome. Trata-se de um grupo unicista, que batiza somente no nome de Jesus e afirma que o batismo efetuado pelas igrejas trinitarianas são sem valor bíblico e “forjado pelo homem”.
   Entretanto, uma coisa o Conjunto Voz da Verdade não despreza. O grande número de crentes das igrejas evangélicas que compram os seus produtos e cantam suas músicas.
   No segundo semestre de 1997, a revista da Escola Bíblica Dominical da CPAD (Casa Publicadora das Assembléias de Deus) publicou um alerta sobre a Igreja Voz da Verdade sob o tópico Seitas Modalistas.
   Em resposta, o grupo distribuiu um CD de 58 minutos intitulado O mistério de Deus Cristo, com os seguintes tópicos: O que Deus diz de si mesmo; Quem é Jesus? E o Batismo nas águas. Com a foto do Pr. Carlos Alberto Moysés, o CD contem três músicas: Imagem de Deus; Tu me amas? e Deus conosco. Nele, o Pr. Carlos Moysés faz constantes ataques à doutrina da Trindade.
   A maioria dos versículos citados é lida pela sua esposa Liliane. Depois de citar Isaías 40.13, comenta:

“Deus não tem sócio. Onde estaria a palavra Trindade aí? Não existe na Bíblia Sagrada”.

 Observe outras declarações contidas no CD:

“O Filho como homem não era Deus. Era Filho de Deus, como a parte humana”.

“Para Jesus ser Deus ele tem que ser o próprio Pai”

“A Bíblia diz que Deus se fez carne. Não o Filho se fez carne. Veja que Deus não tem filho”.

“Agora, eu vou provar uma coisa sensacional aqui. Você já viu que Jesus é o Pai. Que Jesus é o Filho. Eu quero dizer que Jesus é o Espírito Santo. E falar mais para vocês. Será que o Espírito Santo tem sangue? Muitos dirão: não. Mas, Atos 20.28 diz que o Espírito Santo tem sangue. Quem sabe português,aí está dizendo que o Espírito Santo nos resgatou com seu próprio sangue”.

“Quero dizer para você que não há Trindade na Bíblia. Não há três deuses, não há três pessoas em uma só. Há um só Deus, que se revelou como Pai quando criou todas as coisas.
Porque quem cria é pai de alguma coisa. Santo Dumont é o pai da aviação. Deus foi chamado de Pai quando criou. Deus foi chamado de Filho quando se encarnou. Deus é chamado Espírito Santo hoje. Ele está aí. Ele é Jesus”.

“Eu fui numa biblioteca metodista e encontrei alguns argumentos. Até o ano 300 quase se cria que Jesus era o único Deus e só se batizava em nome de Jesus. Vieram os filósofos. Veio Ário e começaram a filosofar em cima de Jesus.
Não, ele é muito pra ele ser Deus. Aí, fizeram um Concílio de Nicéia, em 325, o primeiro concílio e acharam que o Pai é uma pessoa e o Filho outra. Eram dois. Mas, não se conformando, no ano 381, fizeram o II Concílio de Nicéia, aumentando mais uma pessoa para a divindade. Porque três já confirma alguma coisa. Como se o Espírito Santo fosse outra personalidade, outro Deus.
Mas, não é não. Só um. Eu não quero ir atrás dos historiadores e filósofos. Eu quero estar dentro da Bíblia Sagrada”.

   Sobre Jesus,Carlos Moysés afirma: “Como homem, orava. Como Deus, respondia”.
   Outro argumento de Carlos Moysés é de que nem Billy Graham compreende a doutrina da Trindade. Esse é um argumento muito pobre. Ora,o fato de alguém não compreender uma doutrina bíblica, como por exemplo, a escatologia, não a invalida.

A Trindade no Antigo Testamento

   Gênesis 1:26, 27 — Chegando o momento de criar o homem, Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança". O verbo "fazer", nesse caso, aponta para um ato criativo, e somente Deus pode criar.
   Assim, ao ser criado, o homem não poderia ter a imagem de um anjo ou de qualquer outra criatura, mas a imagem de Deus, a imagem de seu Criador. No versículo 27, lemos: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou".
   O interessante, porém, é que a Bíblia diz que Jesus Cristo também criou todas as coisas, as visíveis e invisíveis (João 1.1, 3; Colossenses 1.16, 17; Hebreus 1.10), o que inclui necessariamente o homem.
   Desse modo, concluímos, à luz da Bíblia, que o homem tem a Jesus como seu Criador; logo, o homem carrega Sua imagem, pois Jesus é Deus, uma vez que "à imagem de Deus" o homem foi criado.
   Já em Jó 33.4, Eliú declara: "O Espírito de Deus me fez". Afinal de contas, quem fez o homem? A Bíblia diz: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou". E quem é esse Deus? Resposta: Pai, Filho e Espírito Santo.
   É digno de nota que há outros textos em que Deus fala no plural: Gênesis 3.22; 11.7-9; Isaías 6.8. Alguns dizem tratar-se de plural de majestade, ou seja, é uma forma de expressão onde o indivíduo fala do plural que não revela necessariamente uma pluralidade participativa.
   Todavia, isso não funciona em Gênesis 1.26, 27, pois outros textos bíblicos deixam claro que o Pai, o Filho e o Espírito Santo criaram o homem; logo, não está em jogo nenhum plural de majestade, mas um ato criativo de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Os demais textos, portanto, devem ser interpretados seguindo-se essa mesma linha de raciocínio.

A Trindade no Novo Testamento

   Os textos bíblicos abaixo alistados (respeitando-se os devidos contextos) mostram sempre juntos o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Levando-se em conta que Deus é único (Isaías 43.10) e que ele não partilha sua glória com ninguém (Isaías 42.8; 48.11), é interessante notar como o Pai, o Filho e o Espírito Santo são postos em pé de igualdade, coisa que nenhuma criatura, por melhor que fosse, poderia atingir, nem muito menos uma "força ativa" (agente passivo).
   A. Mateus 28.19 — A ordem de Jesus é para batizar em "nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo". Ora, se Jesus fosse uma criatura e o Espírito Santo uma "força ativa", seria estranho que as pessoas fossem batizadas em nome do Criador (que não divide sua glória com ninguém), em nome de um anjo, e de uma "força ativa"; aliás, que necessidade há em batizar alguém em nome de uma "força"? Tudo isso só faz sentido se Jesus e o Espírito Santo forem Deus, assim como o Pai.
   B. Lucas 3.21, 22 — No batismo do Filho, lá estão o Espírito Santo e o Pai; como sempre, inseparáveis. Essa é uma das razões pelas quais o batismo cristão deve ser ministrado em nome das três pessoas.
   C. João 14.26 — Jesus fala do Espírito Santo, que será enviado pelo Pai, em seu próprio nome, isto é, de Cristo.
   D. 2Coríntios 13.13 — Outra fórmula trinitária, onde aparece o Filho, em primeiro lugar, com sua graça ou benignidade imerecida; depois, o Pai, com seu amor; e finalmente, o Espírito Santo, com a comunhão ou participação que dele procede.
   E. 1Pedro 1.1, 2 — Pedro fala aos escolhidos, que foram eleitos segundo a presciência do Pai, santificados pelo Espírito e aspergidos com o sangue de Jesus Cristo.
   F. Outros versículos — João 8.16; Romanos 8.14-17; 15.16, 30; 1Coríntios 2.10-16; 6.1-20; 12.4-6; 2Coríntios 1.21, 22; Efésios 1.3-14; 4.4-6; 2Tessalonicenses 2.13, 14; Tito 3.4-6; Judas 20, 21; Apocalipse 1.4, 5 (compare com 4.5) etc.
   G. A Trindade nos textos de Isaías 6.1-10, João 12.36-41 e Atos 28.24-27.

A fórmula batismal

   No CD mencionado acima, Carlos Moysés afirma que o batismo não pode ser efetuado em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, mas, somente no nome de Jesus.
   Argumentos mal aplicados para se batizar somente em nome de Jesus.

   A. Em Mateus 28.19, Jesus mandou que os discípulos batizassem em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em Atos 2.38 encontramos os apóstolos batizando em nome de Jesus, porque Jesus é o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Refutação:
   Esse argumento não tem base bíblica, pois as Escrituras estabelecem a distinção entre as pessoas da Trindade, por exemplo: João 10.30. Assim, é absurda a suposição de que os apóstolos entenderam que Jesus quis dizer que batizassem em seu próprio nome, porque ele era o Pai, o Filho e o Espírito Santo, uma vez que 1João 4.14 diz claramente: "E nós (os apóstolos) temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo".

   B. Afirma-se que "Pai", "Filho" e "Espírito Santo" são apenas "títulos", não "nomes próprios", mas que Jesus é "um nome próprio".
Refutação:
   Se fizéssemos distinção entre "nome" e "título" na Bíblia, não poderíamos entender os nomes bíblicos, porque seus nomes eram seus títulos. Em Gênesis 29.32, por exemplo, "Rubem" (nome próprio) literalmente quer dizer "um filho", mas "filho" é um título segundo o Unicistas. Jesus (nome próprio) significa "Salvador" (Mateus 1.21), o qual também é um título.

   C. Ensina-se que em Mateus 28.19 se usa a palavra "nome" (singular) e não "nomes" (plural).
Refutação:
   A Bíblia muitas vezes usa a palavra "nome" (singular) para referir-se a mais de uma pessoa. Veja Gênesis 5.2: "Homem e mulher os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados". Veja também Gênesis 11.4 e 48.6, 16.

   D. Alega-se que os apóstolos nunca batizaram "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", mas somente "em nome de Jesus".
Refutação
   I) É verdade que na Bíblia não encontramos os apóstolos batizando a pessoas "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo"; tampouco, porém, encontramos na Bíblia os apóstolos recitando a frase "eu te batizo em nome de Jesus Cristo".

   II) Eles afirmam que os apóstolos recitaram tal frase, quando lêem na Bíblia que algumas pessoas foram batizadas "em nome de Jesus Cristo". A verdade é que não há nenhuma evidência na Bíblia de que os apóstolos tenham recitado tal frase ao batizar.

   III) Há somente uma pessoa na Bíblia que vemos como foi batizada. Esta pessoa foi o eunuco etíope, que foi batizado por Filipe (At 8.36). Ali, não observamos Filipe dizendo: "Eu te batizo em nome de Jesus". A única coisa que encontramos é que o eunuco dizendo: "Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus".

   IV) As evidências mais remotas que temos sobre a maneira em que os cristãos eram batizados na igreja primitiva se encontram num livro intitulado Didache (ou: Ensinamentos dos Apóstolos). Este livro, que foi escrito por volta do ano 110 d.C., diz: "Quanto ao batismo, procedam assim: Depois de ditas todas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo." (Grifo acrescentado).

   V) Fazer algo "em nome de" alguém significa fazê-lo em sua autoridade, em obediência ao seu mandato, da parte de ou como seu representante, como por exemplo: "E, pondo-os perante eles, os argüíram: Com que poder, ou em nome (= na autoridade ou da parte) de quem fizestes isto?" (Atos 4.7). Veja também João 16.23-26; 1Coríntios 1.13-15 e Colossenses 3.17.
   Assim, a frase "em nome de" não tem nada que ver com uma fórmula mágica que alguém diz durante cada ação. Quando a Bíblia diz que alguns foram batizados "em nome do Senhor Jesus Cristo" (Atos 2.38; 8.16; 19.5), não quer dizer que os apóstolos literalmente recitaram a frase: "Eu te batizo em nome do Senhor Jesus Cristo”, antes, porém, que as pessoas foram batizadas em obediência à ordem de Jesus, isto é, de acordo com o ensino de Jesus.

Considerações finais
   “Nossa geração está exposta a mais idéias religiosas do que qualquer povo na história. Os programas de rádio e de televisão, bem como jornais e revistas, bombardeiam as pessoas com todos os tipos de doutrinas divergentes que alegam ser a verdade.
   As pessoas que não possuem discernimento são incapazes de determinar o que é a verdade, e muitas sentem-se desanimadas pela diversidade” (John MacArthur).

Dr. Paulo Romeiro

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